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Duvide de tua certeza.





Vivemos novos tempos.

O momento atual transparece como marco na história humana, daqueles que serão retratados em livros didáticos e que terão inclusive um risquinho na nossa Grande Linha do Tempo. Não ouso dizer que será um marco que divide eras, mas que será um importante sinal do modo como nos vemos como humanos.

Dizer que os momentos que vivemos são diferentes de todos os outros me parece uma grande obviedade. O tempo é contínuo e os fatos sempre são guiados pelo passado e orientadores do futuro, gerando uma escala de mutação das realidades. Não quero, porém, afirmar que a história não nos lega aprendizados e que nossa circunstância atual não será uma lição para o futuro.

O tema que me traz a essa reflexão é algo que tenho observado. Em tempos de comunicações instantâneas, de uma necessidade irrefreável de ser visto nas redes sociais, somos rápidos em firmar certezas e mais rápidos ainda em fazer com que todos saibam o que decidimos sobre o mundo. Tenho dúvidas sinceras se a cultura que vivemos será capaz de legar ao futuro algum pensador, pois não há quase nenhum tempo de reflexão alguma sobre nada. Tudo é muito rápido, e tudo é muito fulcral, puntiforme, certeiro e exato. Não há mais dúvida!

Veio-me à mente, então, uma pequena certeza, paradoxal obviamente: Duvide de tua certeza. Quanto mais óbvia lhe parecer, quanto mais pressuponha-a imprecisa. Dessa ação, me parece, podem surgir posições mais realistas, mais corretas, mais sensatas e mais construtivas.

Duvidar de nossas certezas não pode, porém, confundir-se com um relativismo absoluto. Duvidar de uma verdade particular, é na verdade a postura filosófica humilde de quem reconhece que há UMA VERDADE, que nem sempre corresponde à sua e que, especialmente, não é totalmente alcançável pelo conhecimento humano. Duvidar de nossas certezas, significa colocar-se à disposição de um conhecimento mais profundo e verdadeiro. Afirmar verdades, com a velocidade da luz, nos faz apenas egocêntricos e fechados a verdadeira realidade dos fatos.

Do que vamos duvidar hoje?

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