Aquele domingo fui à Missa. Saí de casa, estacionei o carro,
desliguei o rádio, que falava de algo que devia ser muito
importante. Desci, entrei na Igreja, como todo dia, peguei um folheto
e me dirigi para o lugar da Igreja onde sempre me sento. A minha
frente, os mesmos músicos que todos os dias vejo tocar. Já me são
íntimos, são meus amigos, os mesmos músicos de sempre. Vi também
o pessoal da equipe de liturgia se aprontar, dividiam as leituras,
combinavam o procedimento, escolhiam suas túnicas. Tudo muito bem
ordenado, e organizado, como sempre. Decididamente aquela era mais
uma Missa, mais uma missa qualquer, como tantas outas celebrei em
minha vida. MAIS UMA MISSA.
A missa iniciou-se, e ao fundo, em meio à música, já conhecida de
meus amigos, eu ouvia um suave, simples e belo som. Não era capaz de
distingui-lo. Olhei para os músicos, procurei encontrar neles de
onde vinha aquele som. Eu até entendo de música, apesar de certa
dificuldade com ela, mas confesso, não conseguia encontrar a origem
daquela melodia.
Passaram-se os cantos de ato penitencial, glória, aclamação,
oferendas, todos os mesmos cantos de sempre, pois era uma MISSA
COMUM, uma missa de SEMPRE. Tudo ia correndo, como sempre corre. Vem
a consagração, e então o maior momento de qualquer missa.
Partilhar a Eucaristia, receber o Cristo vivo, como sempre. E, sendo
essa uma missa, como todas as outras, optei novamente por esperar o
final da fila da Eucaristia para então ir até o Cristo. Vi passarem
centenas de pessoas, a maior parte delas, as mesmas de sempre. Mas
então parecia que aquela Missa, não era uma missa qualquer.
Enquanto passavam fiéis e mais fiéis, de todos os tipos, hábitos e
costumes, aquela melodia aumentava. Eu já não havia percebido mais
ela, estava acostumado, e como tudo que SEMPRE acontece em todas as
missas, também aquela melodia havia ficado COMUM. Mas então a
melodia aumentava, aumentava e ficava mais bela. Quando então, passa
ao meu lado, um senhor, humilde, idoso, que caminhava até o CRISTO
tocando uma flauta doce. Ora meus irmãos, quanto eu tinha me
enganado, AQUELA, não era uma MISSA QUALQUER, aquela era uma MISSA
DOCE.
Aquele homem, em sua humildade, em sua devoção, me evangelizou, me
tocou como poucos me tocaram. Aquele homem foi até o Cristo fazendo
daquele um momento íntimo, profundo e tão somente dele com o
Cristo. Enquanto caminhava para o Cristo, oferecia o que de belo
tinha em sua vida. A melodia da flauta que tocava, era sua relação
de profundo amor com o Cristo. A flauta que tocava, era sua própria
vida que se entregava ao Senhor. Sabe-se lá de quantas Missas
participará aquele homem em sua vida. Sabe-se lá quantas vezes ele
tocou sua flauta, mas naquela DOCE Missa, ele me ensinou que devemos
sempre oferecer nosso melhor para o Senhor. Aquela, para ele, não
era MAIS uma MISSA, não era mais uma EUCARISTIA, aquela era uma
Missa, uma Eucaristia, uma Vida e uma Relação de profunda
intimidade com o Senhor.
Aprendi, daquele homem, e quem sabe, vocês também, que CADA MINUTO
com DEUS é especial, e que é um pecado gigantesco que cometemos
quando tornamos comum o que é Divino. Aprendi daquele homem, que
devemos estar ALEGRES em JESUS CRISTO e ALEGREMENTE caminhar até
ele. Descobri daquele homem que devemos ser música para nossos
irmãos. Descobri daquele homem, que por mais simples que seja o que
podemos oferecer, devemos entregar com uma ALEGRIA infinita, pois a
simplicidade da nossa oferta ao Senhor, SERÁ a mágica que tocará o
coração do meu irmão.
Eu não conheço aquele senhor e sua flauta, mas sei que Deus o
conhece, e o ama como amigo. Sei também que Deus conhece todos
nossos detalhes, e aguarda ansiosamente cada gesto de nossa entrega a
ele. Seja a flauta, o violão, um rosário, uma obra de caridade,
tudo aquilo que entregamos ao Pai, é recebido com imensa alegria no
Céu. Devemos, sempre, e cada vez mais, entregar tudo o que temos de
bom em nossa vida para o Senhor. Eu não sei o nome daquele senhor,
mas o CRISTO sabe teu nome, e te chama mais uma vez para tomar uma
flauta e fazer maravilhosamente especial a vida de muitas pessoas. Eu
não sei como é a vida daquele senhor que me emocionou, mas tenho
firme certeza que tu tens, em tua vida, tudo que é necessário para
emocionar e modificar a vida de quem está ao teu lado. É o teu
Senhor quem te chama para entregar-se por completo. Vamos?
Comentários